sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Concílio Vaticano II: uma razão e suas razoabilidades

1. Vaticano II: as mudanças de um Concílio pastoral
Sempre é muito delicado tratar sobre algum tema relacionado ao Concílio Vaticano II, pois vêm à tona aquelas passadas e polêmicas discussões que envolvem a tradição e a modernidade, bem como a separação rotulante (impregnada de preconceito e visões pejorativas) entre tradicionalistas conservadores e modernistas, esses dois grupos são verdadeiras castas eclesiais instituídas informalmente citados quase sempre com sentido depreciativo para agredir seus adeptos.
Certo é que houve uma grande mudança na Igreja a partir do século 20. Mas esse câmbio não se deu na doutrina, ainda que o Concílio tenha uma abordagem doutrinal, o que acontece é o surgimento de uma nova maneira de entender e transmitir essa doutrina. O concílio vem questionar os métodos de transmitir a fé recebida dos apóstolos, portanto não há quebra com a tradição. A melhor expressão a ser usada é a de Bento XVI: “novidade na continuidade”, o que sempre aconteceu na Igreja e nunca deve deixar de existir.
Não é que se vá adaptar a doutrina e o evangelho à realidade do mundo moderno, mas o que deve ser feito (e é a sugestão do Concílio) é trazer o mundo moderno e conectá-lo com as verdades sempre atuais e perenes do evangelho. O mundo moderno está demasiadamente abastecido das coisas materiais (bom!), mas o avanço espiritual ao longo desse tempo não acompanhou o avanço material, as forças catalisadoras olvidaram os valores evangélicos e hoje estão, estes, relegados ao segundo plano. O objetivo do Concílio é justamente este: trazer o mundo moderno à participação e ao encontro da revelação divina através de novos métodos, maneiras, jeitos de transmitir a verdade contida na Escritura Sagrada. É preciso trazer o homem moderno para participar da convivência com Deus, convidá-lo à intimidade, sem tirá-lo de seu “habitat” fazendo com que ele possa entender a realidade vigente à luz brilhante da revelação que Cristo fez de todo plano divino para a criação. Através dessa revelação, o homem que participa da realidade do mundo moderno pode ter a visão esclarecida, na qual o entendimento dessa realidade advém de sua fé, mesma e completa, da qual comunga toda a Igreja.
Por esse motivo é que o Concílio é definido como pastoral, e não como dogmático, porque não vem trazer novidades na doutrina, nem acrescentar novas verdades da fé, mas vem para esclarecê-las e arrumar um novo jeito de levar a mesma e única fé a todos que precisam, cumprindo, desse modo, o mandamento do Cristo: levar o evangelho a toda criatura.
João Barreto Campello / Acólito

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